Olá amigos leitores da Revista
Pássaros Exóticos! Juntos mais uma vez para falarmos de mais uma espécie de
Passeriforme exótico, ou melhor dizendo, de uma característica de uma espécie:
a cor das bochechas dos Diamantes Mandarins.
Existem duas espécies de
mandarins no mundo, o Diamante Mandarim Australiano (Taeniopygia castanotis) e o Diamante Mandarim do Timor
(Taeniopygia guttata).
Ambas as espécies possuem uma coloração selvagem bem semelhante, a base de
eumelanina negra e pheomelanina nas penas e carotenóide nos bicos e pés. Um
detalhe interessante presente nas duas espécies é o dimorfismo sexual, onde os
machos são diferentes das fêmeas, por possuírem um peito zebrado/listrado, a
presença dos flancos pintados e da bochecha característica.
Pois bem, vamos falar das famosas
bochechas dos mandarins. Como mencionado anteriormente, as bochechas estão
presentes, em ambas as espécies, apenas nos machos. Elas foram fixadas
provavelmente no ancestral em comum às duas espécies, como resultado da seleção
sexual.
Apesar do tom meio marrom
alaranjado, o pigmento que forma as bochechas dos mandarins não é o lipocromo,
mas sim a pheomelanina, dando esta cor rufus à bochecha do animal. Logo, as
mutações que atuam na bochecha dos mandarins serão aquelas com influência nas
melaninas e não no lipocromo. Isto quer dizer que um mandarim macho cinza bico
amarelo manterá a cor normal de suas bochechas.
Outro detalhe interessante, é que
as mutações que podem alterar a bochecha dos mandarins também alterarão, na
maioria das vezes, a cor rufus de seus flancos pheomelânicos salpicados de
pontos brancos. E a presença destes flancos também está ligada às mesmas
pressões sexuais que mantiveram as bochechas somente nos machos.
Vamos às mutações que afetam a
cor das bochechas?
A primeira delas é o leucismo. Mas o que é leucismo? É uma
mutação que afeta a disposição das melaninas nas penas e partes córneas das
aves. Ela pode agir parcialmente (arlequim
ou variegado) ou integralmente no corpo do animal, gerando um gradiente de
fenótipos que vai desde o animal com poucas pintas brancas até ao animal
totalmente leucístico ou seja, branco.
Nas bochechas, o leucismo pode
criar falhas brancas ou até mesmo bloquear o depósito total da
pheomelanina, deixando a ave sem a bochecha. Basta reparar que todo macho de
mandarim branco não tem bochecha!
A segunda é a mutação dorso pálido, que é a primeira é diluir
as melaninas nos exemplares, tanto a eumelanina quanto a pheomelanina. Basta
reparar que as bochechas de um macho cinza dorso pálido é mais esmaecida do que
as bochechas de um macho cinza padrão selvagem.
A terceira, também é uma mutação
diluidora, com maior intensidade do que a anterior. Trata-se da mutação mascarado, que reduz tanto o depósito
das melaninas, que deixa a ave com uma aparência quase branca, porém
mantendo-se as listras e barras eumelânicas, a bochecha e os flancos esmaecidos. O animal fica tão diluído, que no passado esta cor era chamada de
branco mascarado.
Nossa quarta mutação, ainda
diluindo as melaninas, temos o pastel,
chamada há um tempo de prateado. A mutação pastel é uma forte diluídora visual das
melaninas. De caráter dominante (diferente das duas anteriores, que são
sexo-ligadas recessivas), a mutação pastel dilui bem as eumelaninas, deixando a
aves com o dorso e estrias/zebrados bem mais claros que a mutação dorso pálido,
porém, não ao ponto de esbranquiçá-las como a mascarado.
Mas o lado interessante está na
redução das pheomelaninas, onde temos as bochechas! A redução é tão forte que
as bochechas dos machos ficam bem clarinhas, pálidos, lembrando uma cor creme. E a combinação da mutação pastel com a mutação dorso pálido,
combina a diluição das melaninas a tal ponto que os machos ficam com as bochechas
sem melaninas, isto é, os famosos bochechas brancas!
Recomenda-se a combinação das
mutações pastel e dorso pálido a mais uma, que acrescenta eumelanina no
desenho, como a face negra e ou peito negro. Tais combinações realçarão
o contraste melânico com as bochechas brancas.
Em quinto, trataremos de uma
mutação de caráter dominante, conhecida como bochecha. A mutação bochecha reduz
drasticamente a eumelanina no corpo do animal, deixando uma presença
pheomelânica no ventre e o dorso praticamente quase branco. Mas nosso tema são
as bochechas! Esta mutação afetada a área do corpo onde ficam as bochechas da
seguinte forma: depositando uma carga eumelânica nas bochechas, de maneira a
deixar nas aves da linha cinza (eumelanina negra), uma bochecha cinza e nas aves da linha canela (eumelanina
marrom), uma bochecha canela.
Um detalhe, as mutações que
afetam os mandarins, colocando eumelanina em suas bochechas, agem de forma
igual nas fêmeas. Como assim? As fêmeas apresentam desenho de bochecha como nos
machos! Entretanto, as fêmeas não apresentam o listrado do
peito e continuam com o depósito de lipocromo laranja (amarelo + vermelho) no
bico, facilitando o dimorfismo sexual.
Entretanto, vale resultar que
ainda existe uma pequena mistura de pheomelanina nas bochechas dos machos,
basta você amigo reparar nas bordas das mesmas. Como no padrão selvagem não
existe depósito de pheomelanina nas fêmeas, as bochechas das mesmas são mais
limpas.
A sexta mutação que afeta a cor
das bochechas dos mandarins é a que chamamos de bochecha negra. Tal mutação, de caráter autossômico recessivo,
retira a pheomelanina do desenho dos flancos e da bochecha, preenchendo fortemente
o espaço com a eumelanina. Com isto um mandarim cinza que sofre da mutação
bochecha negra terá no seu fenótipo as suas bochechas e os seus flancos negros.
E se combinarmos a mutação bochecha negra na linha dos canelas
(eumelanina marrom), teremos aves com as bochechas e flancos marrons escuros,
tipo chocolate amargo. Como mencionado na mutação anterior, as mutações que
inserem eumelanina nas bochechas afetam as fêmeas, deixando-as com bochechas
também.
A mutação bochecha negra pode se
combinar com outras mutações, como dorso pálido, mascarado, face negra, etc.
A sétima mutação não existe ainda
na nomenclatura da FOB/OBJO, trata-se da mutação eumo. Esta mutação acrescenta uma carga melânica nas penas das
aves, deixando-as mais escuras. Em relação à bochecha, a mesma desaparece (não
há depósito pheomelânico,ou o mesmo é extremamente fraco), deixando a área
livre para ser preenchida com a envoltura eumelânica (cor cinza do corpo).
A mutação eumo pode ser combinada
com outras, tais como face negra e peito negro, deixando o animal muito mais
escuro/preto. Ou até mesmo combinado com mutações diluidoras como dorso pálido
ou mascarado, dando um visual diferente ao se misturar uma mutação que carrega
em melanina com outras que a dilui.
Bem amigo criador e amante desta
fabulosa espécie de Estrildídeo (uma das mais criadas pelo mundo!), era isto
que eu tinha a dizer sobre as mutações que afetam as cores das bochechas dos
mandarins e espero que tenha sido proveitosa a leitura. Encontramos-nos na
próxima edição da Revista Pássaros Exóticos.
Um abraço e até a
próxima!!!
acabei de opter macho branco cabeça cinza e bochecha branca
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